Imortais

Sintonia, Sincronicidade e o Santuário da Natureza

Astrosofia, Sintonia e Sincronicidade

Quando cheguei a São José dos campos eu tinha trinta anos, ia fazer trinta − final de 1991 −. Tudo o que sabia é que não podia continuar na Bahia, que o meu caminho não era por lá, que precisava encontrar alguma coisa entre São Paulo e Brasília. Muita coisa iria acontecer. Diziam-me que eu iria conhecer a luz e a sombra, o céu e o inferno e que, pelos meus merecimentos, começaria pelo céu e pela luz, um fortalecimento, um porto seguro, para depois conhecer outras coisas.

Eu nunca acreditei em diabos, venho de uma cultura monoteísta, que é a cultura do Santuário da Natureza, na qual Deus é o criador e todos os demais são criaturas. Criaturas aquáticas, criaturas terrenas, criaturas do fogo, criaturas voadoras, do ar, e que os humanos eram uma quinta criatura, produto das quatro primeiras. Nesta cultura me iniciei, aprendi a falar, me comunicar. Aprendi com o que tinha dentro de mim, com a minha herança pessoal de todo este sistema.

Com as criaturas do fogo eu conheci as paixões, quentes, rápidas, intensas, fulminantes e mortais.

Com as criaturas da água eu conheci os amores, que infelizmente foram muito poucos, mas que, felizmente, me saciaram.

O fogo, para mim, passou a ser um componente amigo, para fulminar os meus excessos, os meus exageros.

Solidarizei-me com as criaturas da água, nadei nas águas mansas do amor, mergulhei até Poseidon e conheci outras águas, criaturas mais profundas, mais perenes, que conquistaram a imortalidade e decidi que também seria um imortal.

Já no começo destes aprendizados, percebi que já não podia voltar à superfície, para os espelhos d’água, que espelha o céu na sua distância.

O que os espelhos d’água refletem, embora pareça o céu dos aviões, na verdade são reflexos que escondem o céu dos imortais. No fundo, na profunda natureza das águas eternas, nestes terrenos, é proibida a entrada do fogo, do fogo como o conhecemos,

No percurso do mergulho, o fogo que conhecemos se dilui, se consome, burilando as nossas imperfeições.

Quando emergia destes terrenos dos imortais, as primeiras criaturas que me recebiam eram elas, as criaturas do fogo. Desde o começo desta trajetória percebi a diferença, queimavam a minha pele, ardiam a minha alma, confundiam a minha mente e tudo isto foi bom, porque com isto aprendi o que eu tinha que queimar em mim, abdicar e renunciar para criar um espaço vazio para conter o que já me continha, para ser fruto do que já era conteúdo: nascer nas águas profundas no céu dos imortais.

Na superfície estabeleci contatos com as criaturas terrenas e aéreas, criaturas que sabiam andar e pensar. Andar e pensar são suficientes para conquistar o livre-arbítrio. Andar traz a liberdade, pensar traz o arbítrio, o juízo. O que eu ainda não sabia é que caminhar com juízo depende de muitos interesses e o que é juízo para uns não é arbítrio para outros. Assim entendi: terra e liberdade, ar e arbítrio, e com a minha terra e o meu ar fortaleci o juízo para me manter na minha escolha: habitar o fundo das águas onde o amor é companheiro, onde a dor pertence ao fogo, fulminando o que precisa morrer para que o céu dos imortais continue a existir.

Pois tudo isto compreendi, enfim, o que são o inferno e o diabo. São comportamentos, desejos e hábitos. A superfície das águas nos ilude, inventando uma importância para esta superfície que de fato não existe, a água superficial é mentirosa e a sua principal mentira é que estas águas e os seus reflexos ilusórios matam a sede. Mentira! Estas águas mantém a sede que ferve o fogo e nos cega com as suas paixões. Só quem mergulha sabe. Só quem consente que o fogo queime o que está superficial em nós sabe e assume o preço da dor de arder neste inferno − queimar-se, fulminar-se, purificando-se −. Não é fácil, muito pelo contrário, é muito difícil. No meu caso eu tive data para começar e encerrar esta jornada de 1991 a 2011. Por razões que tem a ver com a minha jornada pessoal, não sinto nenhuma necessidade de esclarecer este ponto. Mas eu tinha uma data.

Neste momento me encontro na profundeza das águas. Iniciei este mergulho sob o sol de escorpião do hemisfério norte no mês de novembro. Minha alma esta calada, recebi pouquíssimas visitas, mas isto eu já sabia, nas águas profundas o amor é destituído de paixões e muitos poucos conseguem amar assim. Muito interessante esta experiência, a gratidão é um talento que habita o meu coração. É muito bom ter o que e a quem agradecer, quem agradece, no final de uma jornada, é porque encontrou, no trajeto, criaturas que os auxiliaram, que se ocuparam conosco e para tanto não permitiram que as paixões superficiais dos reflexos das águas superficiais impedissem o nosso mergulho.

De novembro de 2011 a março de 2012. Foram, para mim, quatro meses muito difíceis. As profundas águas de Escorpião me fizeram chorar, contorcer com os venenos que passavam pelas minhas veias, estourei os ouvidos com lesões profundas, fruto desta contorção pelas inúmeras picadas, antigas e novas, que torturavam o meu corpo e traziam lucidez para a minha alma.

Enquanto o veneno corria, meu corpo chorava a sua dor e minha alma foi descobrindo tudo o que me doía.

O profundo fogo de Sagitário, fogo frio, fogo azul, fogo que modela, fogo verdadeiro, me batizou em suas brasas, crismou-me nos meus intentos, fez crescer o meu juízo.

As terras de Capricórnio arrastaram os meus pés para um espaço mais profundo das águas mais profundas do céu dos imortais. Encontrei-me com a caverna de Saturno, arrastei-me, rastejei-me dentro dela, uma terra nova e velha ao mesmo tempo e, nas suas rachaduras, estava o que sobrou do corpo dos imortais que já não precisavam mais dele e o deixaram ali na caverna de Saturno. Rastejando e arrastando o meu corpo tomei consciência do que é morte e vida.

Morrer e viver foram os meus pensamentos aquarianos e descobri que para verdadeiramente viver a morte do que é superficial não bastaria matar só em mim, embuti-me na jornada para identificar em o quê e em quem eu ainda vivia. Em quem eu ainda vivia organizou uma festa e me ofereceu. Queriam comemorar a minha presença, o meu retorno ao hemisfério Sul. Distribui convites, convidei a todos para um banquete de viver em mim e para descobrir quem não mais me tinha como alimento. Nos tempos difíceis qualquer deslocamento também é muito difícil, mas não foi empecilho porque ainda se alimentava em mim e a mim se oferecia como alimento.

Aconcheguei-me na vida minha que encontrei nos corpos e nos abraços dos que vieram ao meu banquete, assim foi o meu mergulho em Aquários, compreendendo os que tem força para viver e aceitando os que usam esta mesma força para morrer.

Morte e vida traz o renascimento e renasci na transpiração de Netuno, nas águas piscianas, profundas, espirituais, oras fria, oras quentes, terna, eterna.

Comi e fui comido pelos peixes que continuaram na minha rede, distribui e recebi energias que geram o movimento, dei o que tinha e o que eu tenho são os mergulhos nas iniciações para quem quer ser fruto do conteúdo do Santuário da Natureza. Recebi um pagamento para me manter na superfície, esta é a energia que gera o movimento do que eu tenho para dar e do que preciso para sobreviver a superfície.

Foi tão forte a experiência que emergi para a superfície e lá estava o fogo de Marte e de Áries me esperando. Não temi e vi o meu corpo incendiar de dentro para fora, todos os meus poros libertaram as suas labaredas. Nenhuma dor. Saturno já havia me conscientizado que o fogo de Áries só queima o que de fato não nos pertence, são hóspedes, inquilinos que precisam se alimentar no banquete das criaturas imortais, mas não pagam o preço do mergulho e ocupam espaços no nosso corpo, no nosso viver, para serem transportados para uma breve estadia no banquete dos imortais e Áries queimou, tirou alguns músculos do lugar, fiquei sete dias sem andar. Isto doeu. Alinhamento muscular dói. O que me confortou nestas dores foi saber, Saturno me disse, quando os músculos se deslocam é para cobrar dos ossos uma nova qualidade de sangue. Um sangue espiritualizado e aprendi, no meu rastejar, nas terras do Capricórnio.

Aqui deixo o meu agradecimento a todos que fortaleceram neste mergulho, aos que me ajudaram com comidas, bebidas, com as minhas dores, todas elas, não foram em vão.

Neste texto eu narro superficialmente a minha iniciação com a sintonia e a sincronicidade com os quatro elementos no final de 2011, início de 2012. Quem quiser entender ou saber mais, ou mais ainda, participar das vivências que aprendi com este mergulho, entre em contato comigo.

Feliz feriado na superfície para quem fica e para quem vai um humano mergulho nas águas dos imortais.

Halu Gamashi

 

6 Comentários

  1. Andreia Batista Roveri

    Estou engrandecida de ler sobre você e sua jornada, que me dá coragem de continuar. Obrigado.

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    • Alaide

      Estudando os quatro elementos te achei e me encantei no mapa do chakra do tempo, gratidão 🙏💜🌴

      Responder
  2. Emília

    Halu, não sei como explicar e acredito que nem necessite, mas algo em mim reconhece suas palavras. Quando assisto aos seus vídeos, recordo de assuntos que não me foram apresentados nesta existência, que não havia procurado.
    Seus textos, seus vídeos, me fazem trazer à tona conhecimentos que não sei de onde vem, só sei que já os ouvi em algum momento.
    Sempre busquei respostas e as estou encontrando e te agradeço muito por estar me ajudando nesta jornada.
    Continuarei minha caminhada, agora mais otimista, sem pressa, pois tenho a certeza que no momento certo, o que tiver de ser apresentado a mim, chegará.
    Muito obrigada!

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    • Silvestre Domingues

      Obrigado sinto o mesmo…

      Responder
    • Sílvia Frugoli

      Faço as palavra da irmã às minhas! Eu Sou Gratidão, Eu Sou Alegria interior, Eu Sou Fraternidade, Eu Sou Caridade, Eu Sou Irmandade! Eu Sou perdão! Eu Sou compaixão! Eu Sou o Eu Sou!

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  3. Isabela Fonseca Alevato

    Sou grata por nadar em tuas água, mãe querida. É por começar a aprender é não me afogar em mim! Quanta profundidade… quanto mergulho!

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