Sétima Confissão

Confissões

Saber e compreender as quatro dimensões do planeta Terra, os universos paralelos deste planeta, foi o que me equilibrou.

Nunca fui convencida pelos dogmas religiosos. Muito pelo contrário: “A religião é o ópio do povo” – era nisto que eu acreditava.

Saber que nasci acessando meu inconsciente pessoal, o inconsciente coletivo, os registros Akáshicos para me manter conectada com a terceira dimensão (reler Confissões anteriores) resgatou em mim a crença em Deus.

Encontrei Deus fugindo dele; só para esclarecer, fugindo do Deus das religiões. Voltei a ler a Bíblia, principalmente o Evangelho dos Apóstolos, e encontrei um outro Jesus, politizado, inteligente, culto, um homem preparado para o papel que veio desempenhar.

“Hipócritas!”, dizia sobre as religiões de sua época. “Dai a Cesar, o que é de Cesar”.

Comecei a me encantar. Lucidamente compreendi que para viver bem, para não me sentir hipócrita era necessário sair do sistema. Saí.

Minha família se preocupava muito comigo, vivia tentando me encaixar em alguma profissão formal e nos meus 20 anos, no fervor da minha rebeldia contra a hipocrisia, ao tentar escolher uma profissão sistematizada não encontrei. “Advogar para pobres?” não era bem o que minha família entendia como advogar – ou juíza, ou promotora!

Eu queria algo diferente, que me deixassem em paz com a minha consciência, com o que me tornasse útil.

“…formigas que trafegam sem porquê…” gritava Raul Seixas. Frases como esta entravam em meu ouvido como uma lição cósmica.

“Só queria embalar meu filho que mora na escuridão do mar”. Meu pai exibia a história que levou Chico Buarque a escrever esta música como uma profecia para mim. Ele não percebia que o meu lado político tinha muito mais a ver com o politizado Jesus do que com os partidos de esquerda do Brasil. “Que Brasil?” Perguntava para ele.

Eu me sentia um planeta…  “Foi que vi pela primeira vez as tais fotografias em que apareces inteira. Porém lá não estavas nua. E sim coberta de nuvens… Terra! Terra!” . É importante descrever a força com que esta canção me inspirava, era como um imã interplanetário. “Tu vens chegando pra brincar no meu quintal”

Na minha sensibilidade estas músicas abriam uma legenda para outras músicas que falavam de outras mensagens. A música paralela, da paralela mensagem, do universo paralelo. Era impossível não ouvir.

Para minha família e amigos eu era uma revolucionária rebelde. Meu pai tinha certeza que em algum momento eu me infiltraria em algum movimento radical contra o governo, contra o poder estabelecido. No entanto, suas desconfianças me eram tão absurdas, não tinham qualquer semelhança com o meu sentimento, com a minha necessidade de me sentir útil.

Tinha que haver um espaço para mim!

Comecei a encontrar este espaço na casa de meu Pai Nelito. Com ele estudava as energias da natureza, transmutações energéticas, meditações, o mundo espiritual, inteligência espiritual, alinhamento energético, Kundalini.

Meu Pai Nelito sabia tanto sobre mim que deixei de me sentir estranha, fora do normal. Nos seus conhecimentos eu era uma pessoa prevista.

Enquanto os outros entendiam minhas manifestações como mediúnicas, paranormais, excêntricas, para ele eu era um ser natural, da natureza, “Você não se adulterou” ele me dizia. E aí eu via meu retrato, um ser natural, da natureza, voltei a me abrir para ela.

Tudo o que vi, li, aprendi e convivi naquele universo que meu Pai Nelito me apresentou, era a minha cara, minha alma, minha casa.

As lendas dos Orixás, para mim, eram verdadeiras aulas de história, um perfeito sistema de governo no qual a água e o fogo amenizavam suas virtudes para conviverem e criarem seres e mundos através de suas diferenças. Não eram polares, radicais e, neste contexto, conquistaram a divindade.

Os Orixás são energias da natureza que conquistaram a divindade por consequência do autodomínio de suas exacerbações.

Embora não procurasse a divindade compreendi que para ser uma pessoa melhor eu precisava conquistar o autodomínio das minhas exacerbações.

Conquistei o autodomínio da minha sensibilidade. Por exemplo, ver os espíritos deixou de me desorganizar. Quando via espíritos materializados que por algum motivo não foram para o mundo espiritual eu tinha medo; são agressivos, perturbados por seus ódios, frustrações, etc. Eu tinha medo, mas eles não conseguiam mais me desorganizar. Era um medo conhecido, daquele que se sente pelos bandidos, pelos bandidos de todas as espécies. O medo passou quando vi que de fato eles não conseguiam fazer nada de ruim comigo.

O que me desorganizava eram as comunicações com os espíritos de luz. O que ouvia e sentia deles me provocava outro tipo de susto por ser uma proposta de vida que eu não conseguia ver como poderia ser realizada neste mundo concreto onde a hipocrisia dita todos os comportamentos sociais.

O que fazer com aqueles ensinamentos? –  eu me perguntava – Utopicamente? Utopia?

Eu não tinha com quem conversar, bastava um inicio de conversa para ouvir do meu interlocutor que não era possível, que não era prático e me apontavam Jesus. Diziam que se eu seguisse estes ensinamentos também acabaria na cruz. Tudo isto me desorganizava.

Até hoje, a cada dia que vivo, confirmo que é muito difícil ser honesto, praticar o bem, o bem coletivo que não cria exceções cuja lei, verdadeiramente, é a lei. Mas nunca consegui ser diferente.

Há aproximadamente 20 anos ministrei algumas palestras em um grupo de estudos sobre o livro “Caminhos de um Aprendiz” que escrevi. Os leitores queriam saber mais e resolvi fazer um grupo de estudos.

No entanto, eram tantas dificuldades. As pessoas me procuravam para resolver seus problemas pessoais, suas dores individuais. Entendiam a espiritualidade como um pronto socorro – os doentes só procuram os médicos em momento de emergência. Não estavam interessados em sua inteligência espiritual, alinhamento energético, desenvolvimento pessoal para encontrar o equilíbrio e a cura. Não queriam ouvir que suas queixas eram consequências naturais do seu estilho de vida. Para a grande maioria o mundo espiritual e as energias da natureza eram uma espécie de “band-aid” que iria ajudar a curar um corte.

Preparei-me para desistir, jogar a toalha. Como já disse, me traz muita desorganização emocional o convívio com os ensinamentos espirituais e a prática terrena.

Resolvi desistir. Fui ao grupo de estudos com esta intenção, encerrar os encontros e sair por ai procurando um canto para mim, onde pudesse viver em paz com as minhas crenças.

Quando cheguei ao local do encontro, um irmão meu que estava presente pediu para falar antes de mim, queria dividir com o grupo um conto que havia lido naquele dia.

O tal conto descrevia um homem que ia a uma praça diariamente falar para outras pessoas sobre as leis espirituais, sobre o apocalipse, sobre o caos que a descrença destas leis poderia causar a humanidade.

Este orador conquistou um ouvinte que o seguia em todas as suas apresentações. Após alguns anos o ouvinte procurou o orador para fazer-lhe uma pergunta, para indagar sobre a utilidade das suas palavras posto que não era levado a sério e porque ninguém o ouvia, muito pelo contrário, zombavam dele.

O orador respondeu ao ouvinte: “… se eu me calar eles venceram. Eles deixarão de vencer a cada vez que um continuar a falar…”

Ouvindo meu irmão falar sobre o conto meu coração disparou, minhas vistas ficaram turvas e quase desmaiei. Olhei para todos que estavam ali e continuei a fazer o grupo de estudos.

Naquela noite também resolvi abrir novos grupos, passei a dar aula de Astrosofia, decidi dividir minhas experiências com os Orixás, tão diferente do que aquelas pessoas ouviam e viam nas casas que vendem produtos de religiões ditas africanas, oposta ao que liam em jornais sobre poderosos praticantes que prometem arrumar empregos, amor, subjugar para atender a clientela.

Perdi o medo, daria a cara para bater.

Eu nem começava falar e as pessoas tomavam a minha palavra para dizer as suas, impregnadas de preconceito e desconhecimento sobre a oculta ciência que protege o verdadeiro conhecimento dos Orixás.

Jesus falava nos Orixás, em um outro idioma, mas quem conhece com profundidade o que são os Orixás sabe que era deles que Jesus e Buda falavam. Não me refiro aqui às práticas culturais e ritualísticas.

O Gênesis descreve o nascimento dos Orixás.

A filosofia das energias da natureza, no outro domínio de suas exacerbações, torna suas virtudes úteis e promove o alinhamento.

O problema da humanidade é querer exceções. A natureza na sua real virtude de produzir energia não se comunica nas exceções. Querer exceções faz parte do desalinhamento energético cultural criado por mentes que não souberam e não sabem controlar as exacerbações de suas inteligências.

Com profundo carinho e respeito por todos aqueles que aprenderam a viver sem exceções,

Halu Gamashi
16.set.2014

 

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