Deslocamento, mutação, transmutação, transmigração

O coração, sob o ponto de vista espiritual, conserva as suas vivências e emoções para memorizá-las. Uma necessidade humana, um apego ao passado, um apego a lugares e pessoas do passado que não estão na estrada do presente, nem nas projeções do futuro.

Estas memórias sobrevivem pelo amálgama cardíaco.

Nas mutações que o futuro prevê para o coração este amálgama será extinto. Ele é uma composição orgânica que cresce e se multiplica com as perdas e as tristezas.

Muitas pessoas fecham seus corações para amar, confiar, afastam outras pessoas de si mesmas porque este amálgama assumiu a essência das decisões cardíacas. Por isso o perdão é uma atitude tão difícil e, para conseguirmos perdoar, é preciso subtrair e vencer a sua ação em nossos quereres emocionais.

Na minha vida, tudo o que vivi levou-me a ter uma prótese de titânio dentro do coração. Agora colocarei a segunda prótese, também de titânio, dentro do coração.

Reconheço em mim como é difícil dar adeus as pessoas que amei.

Para mim, não há o que perdoar, tudo o que acontece na relação entre pessoas gera amor e dor por sermos seres ainda desenvolvendo a nossa humanidade.
Somos animais aprendendo a não ferir, descobrindo que ferir o outro é ferir a si mesmo.

O que sinto é uma dificuldade de dar adeus e seguir em frente.

Estou rezando muito para que nesta próxima cirurgia eu avance neste aprendizado.

Aos vinte e nove anos criei uma frase: “Procurar essências parecidas é um direito. Encontrá-las é um prazer”

Hoje crio outra: “ Desprender-se de essências que não são parecidas é um direito. Tornar a vida mais leve além de um prazer é um dever humano”.

Halu Gamashi
26/7/19, 12h25min, Portugal

3 Comentários

  1. amanda

    Profundo este texto. Pegou em um lugar especial para mim.
    Ficou uma questão. Este amálgama pode vir já de vidas anteriores e ainda crescer nesta? Consigo relaciona-lo com as perdas e tristezas…e apego e medos de mais perdas. É uma visualização fácil. Ficou a dúvida se teríamos reminiscências espirituais ou se seria, apenas, algo referente à encarnação presente.
    Como desfazemos este amálgama?

    Responder
  2. aracy tintori marghieri

    Halu, podemos substituir um amor “individual” que nos decepcionou por um amor coletivo? exemplo: o trabalho assistencial?l esperando que o tempo cure a dor? Não é uma questão de perdão porque já entendi que quem criou a necessidade foi eu mesma, a fantasia,o palco onde atuamos como diretor, ator, escritor e queremos que o outro faça segundo o nosso roteiro….Não culpo nada nem ninguem, mas ficou um vazio, uma inabilidade para a intimidade, confiança…

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  3. Marinalva Luzia

    Halu,como fazer uma consulta com vc.? Sou de Sp.

    Responder

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