Glândula Pineal e as Palavras

Inteligência Espiritual

De que mundo saíram as palavras?

Deus, no Gênesis, criou o som.
E o som misturou-se às águas
Eu consegui ouvi-lo!
Desde o silêncio preso em copo, o ruído nas torneiras, seu eco nas correntezas dos rios, seu canto nas cachoeiras, seu brado nas ondas do mar.
O som misturando-se ao fogo.
Eu também consegui ouvir!
Na bravata de um fósforo riscado, no estrepitar da fogueira, na aterrorizante chama de um incêndio.
O som misturou-se ao ar.
Eu consegui ouvi-lo!
No silêncio da sua calmaria, na dança das folhas, no terror dos seus vendavais e ventanias.
O som misturou-se à terra.
Eu consegui ouvi-lo!
No silêncio das suas árvores, no silêncio dos seus frutos, no silêncio do seu reino, nos ruídos da tua dor, nos gritos da tua depressão, no romper da tua inteireza

No entanto o som nos homens é tão difícil de ouvir.
O som misturado aos homens criou a palavra talvez invertendo o Tal Fez.
Não sei o que quer dizer o Talvez
Sem o sim e sem o não
Destituído de compromisso
Suspenso nas suas indefinições
O Talvez consegue ser e não ser. Ter e não ter
O que ouço do Talvez é o silêncio
O seu silêncio me diz tudo
Mas todas as palavras que completam a frase do Talvez eu não consigo ouvir
Talvez é uma palavra única que tudo o que diz, fala através do seu silêncio.
Tem, possui uma enorme força de sedução
Aí daquele que escuta uma frase que comece com a palavra Talvez
Tem juízo quem escuta a palavra Talvez e deixa de ouvir todo o resto da frase
Quem não tem juízo deixa Talvez no esquecimento e acredita em tudo que Talvez está prometendo
Nos meus trabalhos pessoais me empenho em tirar da minha boca, dos meus ouvidos, dos meus olhos, da minha pele a palavra Talvez porque sei que se aceitamos esta palavra na boca, nos ouvidos, nos olhos e na pele estamos aceitando morar nos seus terrenos, no seu mundo ambíguo onde não existe o sim e o não.
Há os que acreditam que a palavra talvez é: educação, habilidade, simpatia…
Eu não acredito em nada disso!
Prefiro a falta de educação, a falta de habilidade e a falta de simpatia.
Troco tudo isto pela dignidade coerente de um sim e de um não.
Poderão me acusar de mal educada, antipática, inábil.
Enquanto isto, desfruto da guerra e da paz digna do meu sim e do meu não.
E digo muito mais, o Talvez atua levando ambiguidade para as nossas glândulas.
Destruindo qualquer sinapse, qualquer comunicação com a glândula pineal.

Halu Gamashi

23abril2016, 11h47min, Salvador/BA

 

(Sétimo texto da coletânea “Pineal – Inteligência Espiritual“)

 

2 Comentários

  1. Beatriz Helena Pereira sauwen

    Criativa a abordagem do talvez. Para os mais pés no chão, o talvez já é sentindo como um não antecipado, tornando-se sem sentido, demais conjecturas. Para os sonhadores, crédulos e otimistas, ele ressoa, como vem colocado no texto, uma promessa. No entanto, não há nada que desestabiize um ser sensível, coo a paz quente do talvez. A dúvida, traz o vacilar, enquanto um ” sim ou não “, definem. Poxa, em 2020, estou comentando isso! Não sei nem se chegará ao seu conhecimento. Mas, desde pequena, não há nada que me deixe mais atordoada do que um talvez! Profunda e cirúrgica sua abordagem! Amei! Você entende de gente. Pena que não a conheço pesdoalmente. Nem sei por onde andas. Agora, você está na internet, o que facilita. Grata

    Responder
    • Karla Marina Braga Dias

      Sempre vivi sem Talvez, importante se assumir e dar uma resposta: um S
      im ou um Nåo!
      Gratidão Halu!!

      Responder

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