A imortalidade consciente é um peso grande demais.

“Feliz daquele que não vê e crê”. Penso que infeliz daquele que precisa ver para crer está embutido na frase anterior.

A imortalidade consciente, somada ao crer… é muito… Não encontro um verbo ou adjetivo para concluir esta frase.

Eu já tentei fugir do crer diversas vezes, procurei médicos, psiquiatras, psicólogos e neurologistas tentando me alojar na crença dos outros. Nenhum dos médicos pelos quais passei encontrou loucura em mim. E agora? Tentei negar a minha imortalidade consciente, fugi, fingi, não falei no assunto, fiz de conta que não estava ouvindo ou vendo os espíritos falarem comigo.

E os desmembramentos e as viagens ao mundo espiritual? Passei a tratá-las como um sonho de algum desejo que não conseguia realizar e através dos sonhos realizava coisas impossíveis – Quer algo mais freudiano? – Mas não foi possível para mim, tenho a maior dificuldade de fingir, não sustento fingimento e aí cedi, vi que a única solução seria aprender a lidar, conviver, sustentar a imortalidade consciente e o meu crer.

Às vezes tenho “uma inveja branca” dos ateus, torna-se tudo mais fácil acreditar que a vida vem do sangue…! Reduz tanto a nossa responsabilidade. É muito mais fácil acreditar que as relações consanguíneas são o começo e o fim.

“Feliz daquele que não vê e crê”. E infeliz daquele que precisa ver para crer. Onde me encaixo entre estes dois parâmetros? Não me encaixo, primeiro porque não sou infeliz e a minha felicidade não vem do não ver para crer, eu creio apesar de ver. Esta descoberta me libertou, quantos já viram e não creram ou utilizam o que viram para manipular os outros.

Eu conheci pessoas que viam, mas além de ver não conseguiam acreditar. Eu creio, apesar de tudo, de todas as perdas que tive nestes 54 anos de vida.

A imortalidade consciente e o meu crer tiraram tanta coisa de mim… Assim pensei até que aportei em mares mais serenos e fui descobrindo que o que e quem se foi estavam alojados em mim do mesmo jeito que eu me alojava fingindo não crer. Hoje, tenho tanto, tenho muito, uma família que apesar de não ser consanguínea é a Minha Família, parentes espirituais espalhados pelo mundo inteiro e agradeço a Deus por tudo e todos que se foram porque me permitiram conhecer a solidão.

Eu convivi com a solidão, abracei-me com ela com medo que até ela se fosse. Gritava pela casa: Solidão você está por aí? E o silêncio me confirmava a sua presença – eu não estava sozinha, estava com a solidão.

Conheci muitas pessoas que vivam sozinhas e não fizeram parceria com a solidão, tornaram-se amargas, endurecidas, com dificuldade de conviver com outras pessoas. Eu não fiz assim e para não ficar sozinha fiz da solidão o meu pai, a minha mãe, o meu amor… E aí a solidão se cansou de mim e se transformou em um campo eletromagnético que todo dia atrai um amigo. E a solidão chama o tempo e tempo e solidão juntos trabalham para que este amigo se transforme em meu pai, minha mãe, meus amores.

Obrigada, meu Deus, por tudo o que tenho. Eu posso dizer que tudo o que tenho é porque me quis com a minha luz, com a minha sombra, com as minhas qualidades, com os meus defeitos.

A cada dia que passa a imortalidade consciente e o crer se tornam menos pesados e isto é uma dádiva – uma dádiva divina.

Quanto menos pesa a imortalidade e o meu crer mais desfruto do sol, da lua, das energias da natureza, do mundo espiritual, da claridade do tempo em mim.

Hoje senti a necessidade profunda de agradecer a Deus pelo peso reduzido.

Com amor por todos aqueles que se somaram a Deus para diminuir este peso,

Halu Rama
Glasgow, 6.10.2016 19h05min

 

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