Não há dor maior que a ausência da dor.
Não há silêncio maior
que aquele contido nas palavras.
O que se passa entre dois pontos
não se narra em toda uma história.
A compreensão consiste em se entregar a esses limites.
Para ser absoluta, nasce a compreensão sem par.
Sua fonte é o olhar que já doeu
e a voz silenciosa da sabedoria.
É a partir da compreensão que a cumplicidade
delineia os dois pontos.
Quem já seguiu deitado nos braços de um rio
e aportou no mar
conhece a alegria de ser compreendido.
Quem já dispensou a rosa para a roseira
sabe o que é compreender
e tem as mãos livres da dor do espinho.
Já não precisa dela
E o que nasce dor nasce nada.
Assim nascido, torna-se compreensão.
O que nasce verde será sempre verde.
Implacavelmente verde.
À mercê de aceitação.
Se bem recebido, enverga o verde até o fim.
Se não, decompõe-se em amarelos e azuis
e experimenta a dor da tentativa.
Nenhuma origem leva à escolha.
E escolher é fazer de si mesmo rio, mar e porto,
onde navegam as existências em busca de serem atraídas,
acolhidas,
e agradecem enriquecendo.
Não há dor maior que a dor de quem nunca acolheu.
Não há vida menor que passar todo o tempo
dando trabalho às roseiras.
Não há ternura maior que aquela que as nuvens sentem
pelas estrelas.
Halu Gamashi
Lindo e profundo!