Evolução

Hoje, a dor do mundo está doendo em mim.
Eu sinto o ardor da queimadura das águas agora, muito quentes, circulando nas veias do mundo.
Eu sinto a insuficiência das folhas e a dor de não poderem mais inalar e expirar os seus perfumes.
Eu sinto a dor das estrelas, a saudade delas do nosso olhar, do nosso contentamento.
A névoa bruta e grossa, muralha da abundância ignorante
Sofrem os meus olhos pelas lágrimas das estrelas.
E a dor da lua? Que precisa estar cheia para ser lembrada
Doí-me ver o sol ouvindo o medo do mundo que seus raios são venenosos e nunca foram
E a fome de sempre na boca dos mesmos
O nome do povo é esperança.
Pois saibam que esperança não é um sentimento feliz, é o remédio para o desespero.
Quem pensa em esperança como felicidade é porque nunca precisou dela, a esperança de ter o que comer, a esperança que seu trabalho dê frutos.
É um unguento e por isto o povo está sempre doente e, para não morrer, toma doses e doses de esperança.
O meu peito hoje conduz os meus olhos para ver a insensatez regendo o mundo
Como pode um filho seguir uma estrada para longe do seu pai e acreditar que ele não sabe o porque do distanciamento?
Apesar de saber que há no ar um processo de evolução, onde estão os que querem evoluir?
Acreditam mesmo que maltratar a natureza é crescimento?
Há no ar um processo de evolução. O ar deste processo traz a força que preenche os espaços vazios. Este ar é a célula que tem a força de burilar o nosso organismo.
Eu vejo o ar da evolução procurando o seu espaço para se alojar e vejo que o ar não encontra porque estes espaços foram preenchidos por máscaras manufaturadas pelas teorias sobre o processo evolutivo.
Eu vejo no ar a possibilidade de evolução e compreendo com mais profundidade o que significa, venha a mim quem tem sede de justiça e eu lhe darei da minha água.

Halu Gamashi
Hua Hin, 15.9.16 11h46min