Eu caminho pelas ruas de Bangkok, vejo a luz, vejo as sombras.
Tomada por uma força que reconheço como amor entro nos canais sombrios. Esperei o medo e ele não veio, no seu lugar, uma força superior me preencheu de piedade.
Olhando reconheci antigos demônios que estavam ali trabalhando muito, esforçando-se muito, cumprindo seus carmas com muito empenho para retomar o caminho da luz. Eu vi nos seus olhos, na força dos seus trabalhos o reconhecimento da tarefa de voltar a merecer, de voltar a ser confiável. Caminhei entre eles e muitas vezes, por muito tempo, sentia que precisava fazer isto e, confesso, me era muito animador ver que até os demônios sentem falta da luz e aprenderam com a dor como recuperá-la. Compreendi mais uma instância da dor, aprendi que a dor também é a única ferramenta para os impossíveis.
Depois de longos passeios, resolvi entrar nos caminhos da luz. Para minha surpresa os trabalhos que exerciam as almas bondosas eram semelhantes ao ardoroso trabalho que os demônios faziam, a diferença é que as almas bondosas sorriam, estampavam a felicidade em seus rostos mostrando que estavam bem, que estavam felizes. Compreendi mais uma instância da dor, aprendi que só há dor onde há orgulho e vaidade. A dor não está na pobreza, no medo, no trabalho ardoroso, na vida difícil, a dor é uma hospedeira do orgulho e da vaidade.
Nos caminhos luminosos a pobreza era a mesma, a diferença é que ali não havia orgulho e vaidade, havia alegria por estar vivo, por ter conseguido um trabalho para se manter.
Vi as auras das pessoas dos caminhos luminosos, suas almas eram leves, brilhantes como seus olhos e seus sorrisos. Acredito ter sido este, pelo menos até agora, o maior aprendizado que fiz na Ásia.
Halu Gamashi, inspirada pela essência de RAMA
Bangkok, 19.9.2016, 15h50min
*Rama é uma essência, um elo do mundo espiritual e Halu Gamashi não fala mais sobre isto e assim não temos como explicar a forma como ela assinou este texto.
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