Uma Entrevista Inusitada

Relatos de Resgates Espirituais

“Sair do corpo, com a experiência de vinte e cinco anos, há muito se transformou em uma rotina tranquila”.

Há até bem pouco tempo, ao desmembrar e ver meu corpo material dormindo na cama, vinha-me imediatamente a lembrança da primeira vez.

Lembro-me do susto, da certeza de ter morrido e do total estado de graça ao chegar à primeira Casa Astral e reencontrar Meu Amigo.

Este estado de graça até hoje me acompanha.

Agradeço a Deus, a todos os amigos da espiritualidade e ao meu Pai Nelito por terem me preparado para estas experiências.

Acompanha-me, até hoje, um forte sentimento de pesar por todas as pessoas que ainda não conseguem acreditar e penso no desestímulo sobre os temas espirituais que paira sobre o planeta Terra.

Se as pessoas pelo menos acreditassem, dessem a si mesmas o benefício da dúvida, se procurassem estudar tenho certeza que compreenderiam que a vida só pode ser eterna, que é o espírito quem vive e que a matéria, que acreditam ser o único corpo, é construída por energias condensadas.

Este descompromisso pela busca da verdade mobiliza muitos sentimentos em mim e a maioria destes sentimentos fortalece-me a continuar escrevendo sobre minhas experiências conscientes no mundo espiritual.

Em todas as palestras e cursos que ministro ouço sempre a mesma pergunta:

— Por que não acontece comigo?

Nas primeiras palestras não sabia o que responder. Confesso que sentia uma culpa, como se eu merecesse um privilégio que não estava à disposição das outras pessoas.

Vendo-me assim, entristecida e culpada, Meu Amigo veio ao meu auxílio para esclarecer. Fez-me lembrar da rígida educação do meu pai que desde que era pequena fazia de tudo para que eu não acreditasse que estava vendo os espíritos. Brigas, castigos, surras, idas a médicos que nunca encontraram nada errado em mim.

Precisei sair da minha casa aos quinze anos de idade para não enlouquecer com a sentença fria do meu pai que queria, de toda forma, que eu negasse o que via.

Meu Amigo lembrou o meu empenho, enquanto estive na Escola Iniciática do meu Pai Nelito, em me abrir, estudar, dedicar-me de corpo e alma para conseguir entender a minha sensibilidade.

Lembrou-me também da minha dedicação quando comecei a “sair do corpo” com consciência.

Nada foi fácil, muito pelo contrário, foi muito difícil.  Só existia no mundo um caminho mais difícil do que o que eu escolhi: a negação, a superficialidade, o esnobismo, a arrogância de querer diminuir as leis terrenas e as leis divinas, de preferir a surdez aos ensinamentos das grandes almas que encarnaram na Terra e sofreram inúmeros martírios para deixarem o ensinamento da existência do mundo espiritual.

Em um dado momento me libertei das antigas culpas e tristezas, troquei-as por força para lidar com a descrença e a agressividade do mundo dos materialistas.

Este relato é mais um produto desta força, desta luta.

Hoje eu sei que para as pessoas abrirem a alma e a cabeça para acreditarem na vida eterna precisariam abrir mão de muitos valores materiais, facilitações que levam a patrimônios materiais e esta não é uma escolha fácil.

Os ricos temem empobrecer e os pobres temem passar a vida toda como pobres e este temor os prende a matéria, às máscaras sociais, às conveniências e com sua superficialidade escolhem o caminho do endurecimento da consciência desistindo da sensibilidade que os levaria a auto estima verdadeira.

Os patrimônios materiais são perecíveis, periféricos, enquanto os patrimônios espirituais são eternos mas neste mundo, para quem vive de aparências, o foco é o invólucro, alinham-se às grifes que vestem suas peles, as joias que adornam seus corpos conduzindo cada vez mais o olhar para fora. Conectam com a ambição, com a necessidade de fama e exercitam a sedução se desenhando, a cada dia, com uma roupagem diferente para agradar e receber aplausos.

Já ouvi de muitas pessoas:

— Mesmo que eu passasse pelo que você passa não contaria a ninguém para não ser chamada de louca. Mas adoraria ter algumas experiências como as suas.

Este grupo de pessoas quer sempre o melhor de tudo. O melhor de dois mundos, mas não querem pagar o preço. O preço que todas as pessoas que escolhem o patrimônio espiritual pagam todos os dias, o preço da honestidade e da ética. É muito difícil viver no planeta Terra sem subornar e sem ser subornado. Destituir-se da hipocrisia para manter a mente limpa e não atrair obsessores e assim, livre destes pesos, conseguir encontrar a própria alma, abraçar-se a ela e deixá-la conduzir a jornada tanto no dia a dia, quanto nas experiências espirituais.

Cheguei mais uma vez à primeira Casa Astral.

Sempre escolho passar pela ala da recepção, por onde chegam as pessoas que já desencarnaram e em função do seu endurecimento espiritual magnetizaram e foram magnetizadas pelo umbral. Chegam sofridas, extremamente arrependidas, transportam para o corpo astral as doenças que viveram na Terra, sentem dores e sofrimentos profundos, uma longa jornada que ainda terão que percorrer até alcançarem o auto perdão. As dores e sofrimentos que passam são produtos das culpas internas que carregam quando percebem que passaram pela Terra e ajudaram a crescer a desonestidade, a fome, o egocentrismo e todos os prejuízos consequentes deste crescimento.

Chegar ao mundo espiritual seja porque desencarnou, ou por estar em deslocamento, como é o meu caso, é uma experiência muito forte. Quando se descobre que a vida é eterna, que não existe morte e que somos nossos próprios juízes a nossa consciência, neste momento, se transforma em um rigoroso e impiedoso promotor sem permitir a defesa e a justificativa tão comuns aos egos terrenos. É uma experiência ímpar.

Cheguei a Primeira Casa e orientada por Meu Amigo fui conhecer uma pessoa desencarnada que deixou a Terra através do suicídio.

Meu Amigo me informou que enquanto encarnada esta moça era uma artista, uma cantora, uma pessoa extremamente sensível, cuja sensibilidade multiplicava o seu canto atraindo multidões para ouvi-la, seguir e imitar.

— E a sensibilidade não a protegeu do suicídio? – perguntei.

— Por muitas ocasiões. Mas as agressões que impunha ao seu corpo, as longas horas de trabalho em busca da perfeição, da necessidade de sempre ser aplaudida, somado ao medo de perder a fama, os tormentos emocionais, a frustração por ter sido explorada, usada e manipulada por mentes maquiavélicas venceu.

Ela pediu para eu ir vê-la.

— Como soube de mim?

— Desde que você escreveu seu primeiro livro, Caminhos de um Aprendiz, muitas pessoas que leram seu livro ou souberam do seu trabalho trouxeram esta notícia para o Centro de Reabilitação.

O Centro de Reabilitação é um hospital espiritual que assiste com amor, dedicação, carinho e paciência às pessoas que chegam da Terra e não conseguem desenvolver uma vida independente no mundo espiritual e precisam constantemente de assistência. Permanecem no Centro de Reabilitação até se libertarem das culpas, dos arrependimentos e de muitas dependências.

— O que você sugere que eu diga a ela?

— Ela quer que você a ouça e leve para a Terra a mensagem dela.

— O que você pensa disto?

— Vamos caminhar com esta tarefa. É importante que você construa a sua opinião e o seu livre arbítrio lhe dirá o que fazer.

Fomos caminhando para o Centro de Reabilitação. Escolhi o silêncio e Meu Amigo, como sempre, consentiu.

Os jardins da Primeira Casa são maravilhosos, perfumam o ar. Todos os locais são perfumados.

Sempre que chego à Primeira Casa dedico alguns minutos para inspirar este perfume que cura o meu cansaço, alimenta e fortalece trazendo um conforto absoluto que me favorece ficar mais tempo nas Casas Astrais.

O éter curativo da vegetação penetra no meu cordão umbilical etérico levando alimento para o meu corpo material dormindo na Terra, no meu quarto. O meu corpo corresponde com agradabilidade e as sensações chegam até o meu corpo astral através do cordão umbilical etérico. Por alguns minutos meu corpo astral plana, como uma nuvem e a levitação me enche de graça. Um sentimento de agradecimento a vida…  É inenarrável esta experiência, não há letras que construam palavras, não há palavras que formem uma frase que descreva com sinceridade e honestidade estes momentos. Todas as vezes em que tentei descrever, quando leio, a descrição fica empobrecida. É assim que é.

Chegamos ao Centro de Reabilitação. Cumprimentei e recebi o abraço de amigos que fiz durante esta jornada.

— Vinte e cinco anos – disse eu.

— Vinte e cinco anos nesta encarnação – respondeu Meu Amigo.

Como disse Meu Amigo, há vinte e cinco anos faço este trabalho de visitar as Casas Astrais, dar e manter o testemunho do que vi, ouvi, senti, questionei e aprendi.

Irene, uma das “enfermeiras” do Centro de Reabilitação, veio ao nosso encontro.

— Ela está agitada e ansiosa. Está pronta Halu?

— Penso que sim.

Meu amigo se despediu para suas outras tarefas, deixou-me com Irene.

— Vamos. Estarei todo o tempo ao seu lado – informou Irene.

— Já sei, quando você interromper o encontro não irei insistir.

— Já tem muito tempo que você não insiste. Aprendeu.

Irene se referia as visitas que fiz acompanhada por ela, nas quais a falta de experiência me fazia acreditar que ainda tinha energia, combustível para prolongar os encontros mas que de verdade já não tinha e me transformava em paciente.

A minha visitante de hoje estava em um pequeno jardim, sentada em uma grama de um verde intraduzível, luminoso, como se fosse construído por água. Sabia que era o éter introduzido na vegetação para ambientá-la e acalmá-la.

— Você é a Halu? Quero que me ouça. Quer me fazer alguma pergunta?

Mantive-me em silêncio olhando para ela. Reconheci-a de imediato e muitas emoções me visitaram. Até este momento não sabia que já conhecia a minha visita de hoje. Orientei-me muito por suas músicas, cantei muitas delas, senti o impacto emocional.

Percebendo o meu transe Irene veio em meu socorro, estabilizou meu chakra Plexo Solar e me apresentei em condições de trabalhar.

Sem esperar minha resposta ela começou a falar.

— Os produtores musicais não querem a essência da nossa arte, escolhem as nossas roupas, modelam e remodelam nosso corpo como querem. Sabem quais são as músicas certas e esta imposição diminui o nosso talento intuitivo, a nossa fluidez e espontaneidade.  No começo queria cantar, encontrei no canto um espaço para desabar minhas emoções, a minha consistência, a minha ansiedade de transmitir meu peito e a minha alma para o mundo. A canção era um veículo por onde me transportava, o espaço externo crescia para caber o meu tumulto. Mas, eles vão nos transformando em produto, como um sapato, um carro.

No começo resisti, briguei, briguei por mim, pela minha essência. Em represália o abandono, a escassez de recursos para nos subjugar, humilhar e nos fazer acreditar que somos seres débeis e idiotas que não sabem escolher.

Eles sabem tudo, escolhem tudo, usam toda sua força para subjugar a massa, o povo e isto me revoltava e me revolta até hoje. As pessoas pensam que estão escolhendo e nem sabem, que tudo é feito para que pensem assim. A gaveta deles é abarrotada de letras de músicas que, por muitos interesses, querem impor ao povo. Insistem, insistem até que o recado entra. As pessoas passam a gostar e aceitar. Tudo é uma contaminação perversa. Eles têm o poder e sabem muito bem utilizar este poder.

Depois fui perdendo as forças, já estava contaminada também, a ponto de não me importar mais com o que cantava contanto que fosse um sucesso. O sucesso, o sucesso, a fama, ser a diva, a primeira, a insubstituível e fui com todas as minhas forças.  Para conseguir precisei acabar comigo e eles diziam: “usa esta tristeza e esta revolta na hora de cantar”, Bizarro, não é? E quanto mais triste frustrada e traída estava melhor eu cantava contagiada. O meu número era a minha tristeza e o meu talento a minha dor.

Depois vieram os festivais. Fundaram a competição.

Alguns perceberam e se enquadraram, talentos medíocres também desenhados pelo sistema alcançavam a fama. Eu via tudo. Pioravam as pessoas tornando-as, dia a dia, insensíveis e ignorantes. Só assim, não por outro motivo, enxergaram nestes medíocres talentos dons que não possuíam.

Outros eram como eu, bonitos, sensíveis, mas para encontrar seu lugar ao sol se renderam aos fazedores de manifestação. Cada dia um manifesto diferente. Conduziam o povo como queriam.

Quem resiste a sedução americana? Ao poder nefasto de Londres? Entristecia ao ver o Brasil deixando de ser Brasil. Tudo o que era genuinamente nosso não interessava aos produtores musicais em busca de fama internacional “onde morava o dinheiro”, diziam.

Ser chique era negar o Brasil e este movimento foi crescendo aos poucos, sabia que não seria um modismo. Entristecia o sumiço da poesia, do sentimento brasileiro.

Nacionalista, eu? E o que é ser nacionalista? E a mendicante política não deixava o Brasil crescer. É assim até hoje.

Fui aos festivais. No começo para lutar pelos meus ideais, ainda tinha sentimentos e sensibilidade e, ali, o meu lado negro cresceu, a mesquinharia tomou conta de mim e sem perceber tornei-me uma manifestante querendo educar a massa com os meus pensamentos e interesses pessoais. O mais perverso é que eu enxergava este comportamento em outros artistas e não percebia que, embora não tivesse os mesmos interesses que eles, não era diferente deles.

Quando percebi que me deixei manipular pensei em acabar com tudo, desistir, ir embora. Mas, e a fama? E o sucesso? Não tive forças e sucumbi.

Pela minha projeção muitos se disfarçaram para chegar até mim e, conhecendo os meus ideais e opiniões, diziam o que eu queria ouvir para ter acesso. Muitas traições. Fui sobrevivendo a elas.

Chegaram-me os filhos. Busquei força neles e a direcionei para o lado errado, hoje eu sei. Exigi tanta força dos meus filhos para nada.

Era difícil fazer de conta que não via ou não percebia a bajulação e aí resolvi usá-la ao meu favor, outro grande equívoco, quando percebi já haviam me transformado em um produto e, com a minha cumplicidade, o que é o pior.

Depois que a luz se apagava, que eu ficava sozinha, sentia a dor do inferno e me alimentava de tudo o que podia para me manter em euforia. Euforia sempre foi o remédio que escolhi. Trabalhar, viajar, possuir mentes e corações.

O amor verdadeiro, que nunca recebi, tentei adquirir com o meu trabalho e era tudo tão falso, basta você sair do palco para o amor dos seus amantes desaparecer. Não culpo as pessoas por isto, fomos todos nós quem as construímos assim e deu no que deu.

Ensinamos a idolatria.

Quantas vezes cantei para ser vaiada, buscando um sentimento verdadeiro nas pessoas, mas elas já não me ouviam, chegavam para o show já sabendo que iriam gostar e iriam aplaudir, não importava o que acontecesse porque, de verdade, não estava acontecendo nada. Acabou a comunicação, a surpresa, a transmissão do prazer. O público já não procurava por isto.

Caso houvesse alguém que não gostasse, a própria plateia sufocava. Já havia aprendido a se impor e se impunha sobre os que estavam ali buscando algo que não a interessava.

Aplaudindo se sentiam aplaudidas e surgiu um show dentro do show. O show medíocre de uma plateia educada, manipulável para cumprir o seu papel. Quem questionasse era tratado como ignorante, menor, daí surgiu o termo alienado. O pior sentimento que vivi era ter clareza de tudo isto. Quando a luz apagava saia da vida, não pude mais vivê-lo, não consegui completar a minha mediocridade e já não tinha forças para recomeçar. A cada dia se tornava mais difícil inventar euforia e os momentos sem ela eram escuros, tristes, vazio de sentimentos. Meus filhos. O amor que sentia por eles prolongou meu viver por alguns anos.

 

Ela interrompeu, ficou em silêncio, um silêncio triste, mórbido.

Voltou deste movimento dizendo que precisava melhorar, vencer o passado e recomeçar.

Comunicou que está se preparando para voltar à Terra.

— Vou recomeçar de onde parei. Embora ainda carregue estas tristezas não permitirei que elas me carreguem, por isto quis te ver

— Posso fazer uma pergunta?

Ela olhou para Irene esperando uma resposta. Irene se manteve em silêncio para que ela decidisse.

— Quantas perguntas você quiser.

Eu só tinha uma pergunta e a fiz

— O que você espera de mim?

— Espero que você alcance a importância do que lhe disse. Se isto acontecer, eu sei que você encontrará utilidade para este nosso encontro.

Silenciei. Comecei a pensar nas minhas dificuldades também. Nunca havia feito isto antes. Com a sua sensibilidade captou o meu momento.

— Eu fui informada que você não trabalha com psicografia, nem com entrevistas pessoais. Por quê?

— A direção do meu trabalho é outra.  De verdade nunca pensei nisto, acho que não saberia como fazer.

— Sinto que te criei um dilema.

— Não é assim, o dilema é meu. Nunca quis convencer ninguém com o meu trabalho. Não acredito na energia do convencimento e parece que você também não.

— Não entendi.

— Ou Talvez eu não tenha entendido, mas o que sinto no seu relato é a dor de trocar a espontaneidade e a fluidez pelo convencimento. Fiquemos assim. Nossa entrevista foi registrada pela tecnologia das Casas Astrais. Preciso saber o que sinto do nosso encontro, desta nova proposta de trabalho. Se meu Amigo me trouxe até você é uma indicação, para mim, que ele dá importância a esta atividade.

— Não faça nada que você não quer

— Nunca fiz. O querer para mim é um mecanismo de força. É através do querer que encontro um caminho para superar os obstáculos no meu trabalho. Acredito que não tem nenhuma arrogância neste meu comportamento. Sem o querer eu me sinto fraca, sem energia.

— Você está dizendo que querer é poder?

— É o oposto disto. O meu querer é o meu não poder. É exatamente este meu querer que me liberta para encontrar formas poderosas para fazer o que não quero.

— E você não quer transmitir o meu relato?

— O que sinto se parece com um querer no meio do caminho. – Percebi que era hora de parar, interrompi.

Simultaneamente Irene compreendeu. Despedi-me tomada pela emoção inicial do encontro. Voltei ao amplo jardim da Primeira Casa, para o perfume das flores. Estava completamente impactada. Jamais poderia imaginar o que vi e ouvi.

Imediatamente pensei em mim, o meu trabalho às vezes me leva à margem da fama e sei que não preciso dela. Como chegar às pessoas sem ela?

Sempre que escrevo um livro ou ministro uma palestra busco amigos, essências parecidas com a minha, sempre busco amigos para estarmos juntos, todo mundo do mesmo tamanho e sei que a fama inverte e perverte esta possibilidade. As próprias pessoas não querem isto. Por exemplo, não gosto de rituais, não pelo ritual em si, muito pelo contrário, porém os rituais geram monumentos quando sua verdadeira função é gerar um movimento. Toda vez que vi em um ritual uma manifestação coletiva gerar um monumento a essência do ritual acaba, a razão da manifestação se perde, é esquecida, o monumento substitui a participação das pessoas no ritual. Ouvi-la fortaleceu está minha crença. Senti e acreditei que a arte para ela era maior que ela mesma. Sabia-se consequência da arte e se permitiu tornar um monumento e o monumento, equivocadamente, acredita que pode gerar a arte e conduzi-la. É assim com tudo.

A humildade de Chico Xavier, a sua verdade, o seu profundo contato com o mundo espiritual fez com que ele encontrasse um caminho para manter o seu trabalho maior do que ele, por isto foi e é difícil transformá-lo em um monumento. Ele sabia como neutralizar esta manipulação.

Sempre preferi falar do mundo espiritual, das minhas experiências das viagens astrais sem contribuir com a criação de mito. Por isto escolhi nominar o meu conselheiro espiritual de Meu Amigo, é impessoal e é verdadeiro. O mais importante da nossa relação é a amizade que sinto por ele e ele por mim.  Da mesma forma que trabalho procurando amigos e querendo ser amiga, companheira de uma jornada.

As comunicações espirituais para pessoas, como Chico fazia, não sei se saberia fazer sem correr o risco de me transformar em um monumento, prefiro que as pessoas leiam os meus livros enfocando experiências espirituais nas quais nomes e rótulos não são o importante porque de fato não são. Sei que as pessoas ficam muito felizes quando recebem noticiais de parentes desencarnados, sei que as tranquiliza, é uma prova incontestável da existência da vida depois da morte da matéria. Mas, sempre caminhei por outro caminho, sempre trabalhei para que as pessoas procurassem o autoconhecimento, saber da sua própria alma.

A alma morre, sabia? Quando a alma não é alimentada pelo mundo espiritual e o foco da consciência do encarnado se aliena à matéria a alma vai morrendo, perde forças para proteger a chama espiritual e o corpo e as emoções se mantem vivos pelas energias artificiais da matéria, o instinto de sobrevivência assume proporções exageradas, a pessoa deixa de viver e passa a ser um sobrevivente.

As emoções verdadeiras, o amor verdadeiro tem a raiz na alma. O instinto de sobrevivência aceita e permite amores hipócritas, amizades falsas.

Fiquei no meu trabalho para chamar a atenção das pessoas para se autoconhecerem, se autoconhecendo descobrem seu corpo energético, encontram a sua alma. Trabalho para que as pessoas vivam, encontrem a dimensão certa para o seu instinto de sobrevivência, para que não substitua os espaços e as funções da alma.

Fiquei com o relato que recebi, já se passaram alguns anos e encontrei nele um alerta, um alarme para que as pessoas busquem as suas almas, não permitam que ela chegue ao mundo espiritual doente porque não tem nada pior do que estar no mundo espiritual precisando voltar à Terra para recomeçar. É como estagnar no tempo.

Eu anseio pelo momento em que as pessoas voltem ao planeta Terra para agradecer o que este Planeta proporcionou aos seus espíritos, agradecer pela evolução que adquiram.

Pensando nisto tudo decidi começar com este relato.

E o meu querer que começou a nascer junto com a minha entrevistada, completou-se neste momento em que concluo este relato.

Sei que Meu Amigo aprovou, mas também sei que ele nunca iria me pedir ou sugerir.

Halu Gamashi

 

 

15 Comentários

  1. Heloisa Rachel Sarmento Cavalcanti de Gusmao

    Para chegar a DECISÕES
    tão sérias, acho que teve um grande embasamento, profundo e verdadeiro , uma alma em grande simplicidade e elevação, sincera acima de tudo e
    Exemplar para quem a ouve e a conhece Grande admiração eu tive nesta
    Pessoa incrível!
    .

    Responder
  2. Gerson Joukoski

    Grato Halu Gamashi…
    ouvi um relato parecido do Saulo Calderon nos FAQs que ele grava:
    “Um relato musical do Umbral…sil”

    Responder
    • scheila

      Gosto muito do Saulo!

      Responder
  3. Raquel da Silva Brito

    Lindo relato, maravilboso,enriquecedor.
    Gratidão minha querida amiga.

    Responder
    • Carolina Marques Dias

      Lembrei do meu filho q trabalhou 3 anos em uma empresa, chegou e me disse: “Mãe, eu preciso sair logo desse trabalho senão, eles vão matar esse sentimento de empatia que tenho pelas pessoas” Ele saiu antes! Graças!!! O “sistema” aniquila a alma do homem.

      Responder
  4. Priscila

    Quem é a cantora halu, por favor?

    Responder
    • Mariluce Carrara

      Nossa Achei que seria a Elis Regina

      Responder
      • Sonia My

        Foi o que me veio tbm.

        Responder
  5. Mariana

    Me veio a Elis Regina à mente…..obrigada por compartilhar, Halu

    Responder
    • HILDETE ALVES DA SILVA

      Emocionante este depoimento,sabe que veio de imediato a minha mente a Elis Regina aprendi lendo os livros espíritas que os nomes não são importantes vale o aprendizado obrigada Halu

      Responder
  6. CLAUDIA ESTEVES

    Que bela história, Halu. Fiquei pensando em quem seria essa artista. Desconfio. E, se for ela, um sofrimento grande a tomou, mesmo. E, se for ela, ela era maravilhosa. Mas, independentemente de quem for, a sua escuta e, a partir dela, a elaboração que vc fez, e nos trouxe, é muito bonita e valiosa. A alma morre se não a alimentamos. Com certeza….

    Responder
  7. Sandra Sangreman

    Fala sempre com seriedade, entendimento e luz! 🙌

    Responder
    • Denise M Santos

      Oi bom dia, o Baltazar nao e da terra e sim do plano espiritual

      Responder
  8. Scheila

    Olá, todos pensam que é a Elis Regina, mas Elis morreu com 36 não com 25 anos… fiquei pensativa… quem será? rs

    beijo Halu querida!

    Responder

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