A Força, o Instinto, a Carga Elétrica

Anatomia do Corpo Sutil, Cultura Espiritual, Inteligência Espiritual

O instinto é a força que, quando liga a nossa alma ao mundo, nos transforma em feras, defendendo território e preservando a vida. É a mesma força que, quando liga a nossa alma a uma consciência maior, nos transforma em mestres defendendo território e preservando a vida.

A força instintiva nos faz reagir de acordo com a sua ligação interma, ela não depende do que acontece no externo. Não define a sua reação pelo que acontece ao nosso redor. É o que faz com que um homem, ao ver-se diante do maior perigo morre para não matar, porque matar é um erro para a sua consciência.   É a mesma força que faz com que um homem deixe comida apodrecer na sua dispensa por temer não ter o que comer amanhã.

O instinto não é responsável, não é culpado, como também não tem os méritos das reações humanas. O instinto é pura energia, carga elétrica, força motriz ausente de códigos e de interpretações, é uma força bruta comandada pelos códigos de honra e ética de quem a possui.

A honra e a ética burilam, lapidam e canalizam a força instintiva. A ausência de honra e de ética permite que esta força se ligue ao medo humano e o medo humano é o mais fugaz e frívolo dos medos. O homem teme envelhecer, não ser aprovado, não estar vestido adequadamente. Teme amar livremente, teme a liberdade.

O medo humano é tão frívolo, tão absurdo que teme até o que não conhece. Inibe, portanto, que se corra riscos, chegando ao ridículo de temer ler um livro, experimentar uma comida, dar um bom-dia no elevador.

O medo humano inverte totalmente a sua posição na escala evolutiva. É assustador observar um homem com medo, embora como medroso acredita-se vítima, nem percebe o quanto é titânico, mesquinho, fofoqueiro, mentiroso, discrepante e inábil.

A força instintiva ligada ao medo vê tudo como perigo. Ocupa-se tanto com os espelhos perigosos que não percebe que seu único algoz é a sua falta de consciência, a falta de amor por si e pelo próximo e, a partir daí, inverte a pureza em sujeira, a honra em desonra, a coragem em covardia.

A honra é um código estruturado pela natureza. A honra do vento é desfolhar as árvores no Outono.

A honra de um homem medroso é destruir a tudo e a todos que ameaçam as suas verdades confusas. Como conviver com isto? Como se adaptar a esta força tão grande sem antes se preparar para não ferir?

O homem medroso não vê quando fere, não ouve os uivos angustiantes das suas vítimas. É cego e surdo para a sua agressividade. Se a vítima sucumbe a sua investida, ele segue plácido, inocente. Porém, se a sua vítima não sucumbe, o homem medroso vê o sangue que derramou como seu, olha no espelho e ao ver o sangue que o outro derramou enxerga-o sobre si mesmo, não percebe, não tem consciência que, por te feito o sangue jorrar, a energia instintiva do sangue derramado cobre o seu braço assassino.     

O homem medroso, cego como é não vê a energia invisível do sangue da sua vítima revestindo a sua pele. Ele vê o sangue sobre si e isto aumenta o seu medo. A vítima é ele e, a partir daí, passa a apunhalar com consciência. Agora ele vê a sua agressividade, porque na sua loucura intima acredita-se defendendo-se. Melhor para a vítima que tivesse sucumbido no primeiro ataque. O homem medroso partiria com a sua inocência preservada. A brutalidade seria menor. A vítima seria menos vítima. Menos sangue derrubaria sobre a terra e o algoz seria menos algoz. Se algum dia alcançar a consciência, terá menos violência para burilar a lapidar.

Será por isso que os grandes mestres apregoam o perdão? Que nos ensinam a oferecer a outra face, o que sobrou das vestes quando a túnica foi roubada? Será?  Pois, com estes conselhos protegem a vitima de ser mais esfoliada e protegem o algoz para quando um dia refletir sobre a sua trajetória.

A ética é outro código estruturado pela natureza que tem a função de permitir ao solo ambientar todas as criaturas apesar de suas diferenças e sem pesar as suas necessidades.

Onde não há ética há um padrão e para haver um padrão é preciso haver muita morte, muito sangue derramado sobre a terra.  O padrão é a ferramenta construtora do ódio e do medo, o medo de não conseguir se enquadrar a um padrão e o ódio por todos que não conseguiram se enquadrar.  O medo de não se enquadrar leva ao suicídio e o ódio por aqueles que não conseguiram se enquadrar ressuscita o medo com uma outra nuance.       

Quem se enquadra a um padrão não quer saber que existem outras possibilidades e ai de quem divulgue um outro caminho diferente do padronizado. Quem já está enquadrado teme perder os seus lucros, os seus ganhos e, para defender as suas conquistas, encontra no ódio um medo odioso que o valida a perseguir, a extirpar. Todas estas coisas acontecem porque é uma força que tem o poder de transportar uma montanha, de curar um doente, de revelar segredos, de propiciar saltos quânticos, de descobrir um continente, de visitar a lua., de transformar um homem em pai, uma mulher em mãe, de transformar a criatura em criador e, esta imensa força, não está atrelada a uma consciência muito grande, que tenha espaço e bojo para divinizá-la.

O homem nasce e se transformará em monstro ou em divino, dependerá do seu território.  Quando um território humano é a honra, é a ética, estruturado pela natureza, este território se transforma numa consciência maior. 

Quando o território humano são suas entranhas, a sua fome de poder, a sua necessidade de aquisições este território se transforma num monstro que nunca sacia a sua fome. Todas as suas conquistas desaparecem no imenso cemitério, cada conquista ganha uma lápide, um número, um epíteto para que ela não fuja, para que não escolha outro dono.

Assim é a força instintiva, não nos cabe negá-la, muito menos culpá-la, menos ainda agradecê-la se conseguirmos um dia nos transformar em divinos.

Quem poderia negar uma expressão instintiva? Afirmar que ela não existe? Quem poderia culpá-la se ela nos deixa livre para arbitrá-la segundo os nossos espaços internos? Quem poderia agradecê-la, tirando dela a sua força incólume, fazendo-a sucumbir como misericordiosa?

Se a força instintiva fosse misericordiosa estaria enquadrada em um padrão de quem rotúla a misericórdia.     

Quando movido por uma ignorância muito grande o homem quer doer, manipular o seu instinto com misericórdia. Nasce a pior das guerras e morre num epíteto: “Matei por amor”.

Existiria epíteto mais diabólico, mais satânico do que acreditar ou, pior ainda, fazer com que outros acreditem que o amor é ferramenta da morte?

Assim sendo não estamos mais falando do instinto humano. Estamos falando do instinto em um desumano. Só um desumano pode manipular a força instintiva com as nuances da misericórdia.

Halu Gamashi

 

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